quarta-feira, 23 de março de 2011

ALAVANCAGEM AMEAÇA CREDIBILIDADE DE SITES DE COMPRAS COLETIVAS


Estratégias conhecidas no mercado financeiro como “alavancagem” e que foram em grande parte, responsáveis pela crise econômica de 2008, estão ameaçando a credibilidade dos sites de compras coletivas no Brasil. Estas operações lesam os consumidores, geram queixas e jogam por água abaixo um modelo de negócio de muito sucesso pelo mundo afora.

O grande objetivo de qualquer promoção em um site de compras coletivas deve ser o de divulgação do serviço ou produto que é foco da promoção. O lucro é um fator que não entra nessa etapa da campanha. O objetivo é o de atrair novos clientes e fidelizá-los para que se tornem clientes recorrentes. Pelo menos essa deveria ser a idéia.

As promoções em sites de compras coletivas, dependendo dos termos do contrato, geram uma grande receita em um primeiro momento. Muitos anunciantes se sentem tentados por esse “caixa imediato” as vezes até para fugir de empréstimos bancários com juros exorbitantes como os praticados no Brasil. Ignorância ou providencial cegueira é que essas operações de caixa custam bem mais caro que um empréstimo bancário, mesmo em condições absurdas.

Entre as promoções mais habituais, como as de estadias em hotéis e tratamentos de estética, o índice de reclamações junto a órgãos de defesa do consumidor e sites de reclamações como o Reclame Aqui, tem sido os mais expressivos. Culpa de quem?

Agenciadores de ofertas despreparados

Os sites de compras coletivas têm dado muito espaço para promoções que não resistem a uma simples simulação em uma maquina de calcular. Como pode uma pousada com 30 quartos, taxa de ocupação de 60% e margem de 70% sobre os custos operacionais, se expor a uma venda potencial de 2.000 hospedagens a serem entregues em 180 dias. É simplesmente uma aposta no escuro. Se todos os compradores da oferta exercerem seus direitos, o resultado será uma taxa de ocupação de aproximadamente 80% nos próximos seis meses e uma receita 50% menor. Se a promoção for séria, o resultado é um fiasco que poderá comprometer seriamente as finanças do estabelecimento. Em nosso curso de criação de sites de compras coletivas sempre chamamos a atenção para esse tipo de problema porque ele pode comprometer seriamente a credibilidade de um site.

O que queremos demonstrar com esse exercício de matemática é que se o anunciante não tiver uma exata noção do negócio, corre o risco de ficar inadimplente, justamente com o público que ele tentava conquistar. Resultado; o remédio que mata. O que deveria funcionar como oxigenação para novos negócios através da atração de novos clientes, acaba se transformando em uma situação de marketing negativo e com alto teor de destruição, uma vez que experiências ruins tendem a ter rápida propagação nas mídias sociais, principal canal de divulgação dos sites de compras coletivas.

O profissional que agencia os anunciantes deve ter como foco a verdadeira proposta dessa nova mídia que se chama sites de descontos. O produto não deve ser vendido como uma chance de “fazer dinheiro” em curto prazo e sim como uma forma inovadora e eficiente de captação de novos clientes através de uma ação de marketing digital. Isso é a essência de um site de descontos.

A alavancagem e seus custos

Os anunciantes mal orientados, e muitas vezes, mal intencionados, acham que a oferta em um site de compras coletivas é a chance de faturar um bom dinheiro sem ter que prestar o serviço imediatamente. O resultado é que a necessidade de caixa faz com que a imagem do estabelecimento seja seriamente prejudicada diante de um eventual colapso dos serviços em função de uma demanda por produtos ou serviços que não pode ser satisfeita de forma correta e dentro dos padrões de qualidade necessários. Muitas vezes o estabelecimento não tem a logística necessária para atender a demanda que uma campanha dessas pode gerar. Uma pizzaria acostumada a vender 150 pizzas por noite, não pode pular de uma hora para outra para uma demanda de 300 pizzas sem prejuízo da qualidade no atendimento ou do serviço.

O empreendedor consciente sabe que não existe necessidade de caixa que justifique o desgaste da imagem do estabelecimento e muito menos um buzz negativo nas redes sociais. Por isso, muito cuidado na hora de contratar uma campanha em sites de compras coletivas, pois o resultado pode ser uma enxurrada de reclamações.

Se você é prudente em seus negócios no mundo físico, por que ser temerário no mundo virtual? Fazer caixa com compras coletivas é suicídio. Reflita e deixe seu comentário.

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